sábado, 12 de janeiro de 2013

Marquesa de Alorna

Sinopse
"Leonor, Alcipe, condessa d`Oeynhausen, marquesa de Alorna - nomes de uma mulher única e plural, inconfundível entre as elites europeias. Com a sua personalidade forte e enorme devoção à cultura, desconcertou e deslumbrou o Portugal dos séculos XVIII e XIX, onde ser mãe de oito filhos, católica, poetisa, política, instruída, viajada, inteligente e sedutora era uma absoluta raridade. Viu Lisboa e a infância desmoronarem-se no terramoto de 1755, passou dezoito anos atrás das grades de um convento por ordem do marquês de Pombal e repartiu a vida, a curiosidade e os afectos por Lisboa, Porto, Paris, Viena, Avinhão, Marselha, Madrid e Londres. Viveu uma vida intensa e dramática, sem nunca se deixar vencer. Privou com reis e imperadores, filósofos e poetas, influenciou políticas, conheceu paixões ardentes, experimentou a opulência e a pobreza, a veneração e o exílio.
Marquesa de Alorna é uma história de amor à Liberdade e de amor a Portugal. A história de uma mulher apaixonada, rebelde, determinada e sonhadora que nunca desistiu de tentar ganhar asas em céus improváveis, como a estrela que, em pequena, via cruzar a noite."

Impressões
Sempre me fascinou a história da rapariguinha que, aos oito anos de idade, foi encarcerada no Convento de Chelas e aí permaneceu dezoito anos! Através da descrição das rotinas de Leonor durante o seu cativeiro, ficamos também a saber como é que estas jovens de boas famílias lidavam com a sua reclusão. E a nossa Marquesa era imparável, senão vejamos: escrevia, pintava, desenhava, falava fluentemente vários idiomas e tinha uma vasta cultura científica! Além disso, era dona de uma presença agradável, "brilhando" em público (nas raras ocasiões em que isso era possível) e encantando todos os que com ela privavam. Era também bastante corajosa pois correu os maiores riscos ao trocar correspondência com o seu pai que se encontrava encarcerado na Torre de Belém e, mais tarde, no Forte da Junqueira. Qualquer um teria ficado com o espírito quebrado, mas Leonor aproveitou este tempo para se preparar para o resto da sua vida. A autora consegue prender-nos à narrativa, tornando-nos compulsivos na leitura. De repente, esta Marquesa ganha vida e sentimos a intensidade da sua paixão, rebeldia, coragem e também lealdade! Recomendo!

Um "cheirinho":
" Descalça, agarrada à boneca, Leonor não entendia nada do que se estava a passar e sentia-se sufocar de medo. Onde há poucos minutos se erguiam as cocheiras do palácio, via agora crescer uma enorme nuvem de caliça. A fachada lateral desaparecera no pó, tal qual nas batalhas das praças da Índia, onde o avô Alorna fora vice-rei. Nem os tenebrosos rugidos da terra conseguiam abafar os gritos de dor e de súplica que se ouviam. e o pior estava para vir: ao relinchar nervoso dos cavalos e ao estardalhaço da carruagem que tombara no meio do pátio, seguiu-se um estrondo monumental: ruíra a ala norte do Palácio do Limoeiro."

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