sábado, 28 de fevereiro de 2015

Yoga para pessoas que não estão para fazer Yoga

Ora aqui está um livro que considero ter um título altamente enganador. Mas tem uma sinopse muito bem escrita, erudita até, com pretensão intelectual.

" (...) Muito mais do que um livro de viagens, Yoga para pessoas que não estão para fazer Yoga é uma viagem por paisagens reais - Amesterdão, Camboja, Roma, Indonésia, Nova Orleães, Líbia, Deserto do Nevada - e oníricas, por histórias, ideias, poemas e todos os labirintos da imaginação. 
Nesta prosa plena de inteligência, graça e de imensa comicidade. Dyer explora a noção de que experiências em diferentes lugares e diferentes tempos ocorrem, de alguma forma, em simultâneo, de que cada experiência é única, irrepetível, sem paralelo: observa os fenómenos (e as sensações) que suspendem distância e espaço, e as categorias de proximidade e distância. E em busca de experiências exóticas e experiências-limite. Dyer procura o momento e o lugar perfeitos."

Lendo isto e com todas as boas críticas impressas na contra-capa dá vontade de ler, não dá?

Este livro retrata a vida de um escritor, numa viagem alternativa por vários países em busca de inspiração para o seu próximo livro, cujo tema vai variando consoante o cenário e que nunca passa do esboço inicial (como ele arranja dinheiro para andar de país em país, não sei). Rico em personagens exóticas, por vezes estereotipadas, situações caricatas e muitas vezes sem nexo (como a história da lata de coca-cola), mas sempre regadas com muita bebida, ganza e sexo.
Inicialmente não é muito mau e até se acha piada às personagens exóticas, à descrição do Cambodja (o qual, graças a este livro, fiquei sem a mínima vontade de conhecer!) e espera-se uma evolução da personagem nesta viagem de auto-descoberta, para  se cair capítulo após capítulo em mais do mesmo. Vale a pena ler até ao fim pelo insight final do personagem quanto à sua visão do mundo com os óculos de sol especiais,  que achava que tinha usado por todos os sítios por onde passou, para depois perceber que os tinha perdido há um tempo atrás e que afinal já não precisava deles, tinha aprendido a ver o mundo daquela forma, colorido, especial....
O autor quis ser irónico e dar um um toque humorístico ao livro, aproveitando-se, na minha modesta opinião, do interesse crescente das pessoas pelo yoga, meditação e outras técnicas holísticas de bem estar. E isso foi coisa que este livro não me deu realmente: bem estar. Pronto, senti-me enganada com este livro!!!! Cheio de personagens alternativas e pseudo-iluminadas desde que devidamente ganzadas ou bêbedas.  Fez-me lembrar aqueles textos e poemas que nos davam nas aulas de Português do Secundário cheios de significados ocultos, apenas visíveis para alguns: o professor e quem escreveu os manuais amarelos que os analisavam para leigos como eu. É isso, é um livro intelectual !! Isso explica tudo, pronto, assim fico mais descansada, o problema não é meu, LOL
Ah... alegação em todo o livro ao yoga propriamente dito "(...) Nem sequer fazia yoga. Era praticamente o único que não fazia. Muitas pessoas faziam yoga quando nem sequer o estavam a fazer. Esticavam-se ou dobravam-se  constantemente, ou apenas sentavam-se me posições exigentes. Toda a gente tinha uma postura perfeita e caminhava como se a gravidade fosse uma opção e não uma lei. Desejei fazer yoga- na verdade, andava a desejar à anos - mas era incapaz de começar. Acabei por nem sequer ler, limitando-me a andar por ali, a fumar erva ou a falar com pessoas (...). Pronto, já sei o que ando a fazer mal, é que eu vou mesmo a aulas de Yoga LOL... afinal basta fazer uma viagem alternativa para descobrir o sentido da vida e tornar-me um ser humano mais compassivo. Ai, mas espera. E o que faço com o trabalho que me paga as contas? Bolas, eu sabia que o meu plano tinha uma falha... e a família? hum.... tic tac

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